janeiro 30, 2014

Lições do Universo













Minha vida não tem nada de homeopática, é tudo em doses cavalares. Quando ela vem pra ensinar, é muito boa nisso! É dura, cruel, a ponto de me fazer curvar diante dela. E acho q é isso mesmo que ela pretende... Assim, só me resta erguer a cabeça pra receber as recompensas que ela tem a oferecer. E quando minha vida resolve ser generosa, aaaahhh... ela é melhor ainda!!

Pra mim, as dificuldades são parte de um processo de preparação pra receber as coisas boas. Por essa razão, sou grata aos momentos bons e também aos difíceis.

Sem a tempestade, a bonança não teria o seu devido valor.

Imagem daqui

janeiro 29, 2014

Calor no corpo



No paraíso, a temperatura sobe. 
Calor na mata e no corpo. 
Não é tesão, é febre! 

O bote inflável, comprado horas antes 
de pegar a estrada, está furado. 
Parecia saber que não cumpriria 
o que lhe era destinado. 

A febre volta. 
Os amigos começam a chegar. 
A preocupação também. 
Corre pra comprar outro antitérmico 
porque vai ter que intercalar. 

Dipirona. Não pira. 
Alivium. Não alivia. 
Paracetamol. Parece que tamos mal...
Apela pra compressa gelada que passou de 38! 
Será garganta? Ouvido? 
Infecção urinária? Algum problema na prótese? 
Por favor, quero uma bola de cristal! 

A volta terá que ser antecipada. 
O PS nos aguarda.
Colhe sangue, urina, raio-x. 
Expectativa. Espera. 
Tudo normal. 
Mas e a febre que não cede?! 
Há uma hipótese:
se não tem infecção por bactéria,
pode ser uma virose.

janeiro 20, 2014

As piores frases que já ouvi de profissionais

O que se esperar de alguém que trabalha na área da saúde, que cuida de outras pessoas? No mínimo que sejam humanas e tratem seus pacientes com respeito e delicadeza, certo? Mas não é bem isso o que acontece por aí, infelizmente.

Eu, em minhas diversas passagens por consultórios e avaliações médicas com o Lucas, já ouvi absurdos que ficam ainda mais cabeludos se levarmos em conta que TODOS foram ditos na presença do Lucas. Será que isso era mesmo necessário?

Selecionei algumas pra contar pra vocês:

1- "O quadro dele é muito grave. Sinto muito por vocês. Por que não tentam ter outro filho? - neurologista
O Lucas tinha em torno de um ano nessa época e era a primeira vez que o Antonio (pai do Lucas) nos acompanhava a uma consulta. Me lembro como se fosse hoje do impacto que essas palavras tiveram sobre meu marido, a imagem de suas lágrimas enquanto dirigia na volta pra casa. Pelas muitas histórias que já cruzaram o meu caminho, histórias tristes de abandono em famílias com crianças especiais, é assustador pensar que essas palavras poderiam ter criado um abismo de distanciamento entre o Lucas e o seu pai. Felizmente não foi o que aconteceu. 

2- "Ele não é aceito aqui porque seu quadro é grave demais." - fisioterapeuta
Quando o Lucas recebeu o diagnóstico de paralisia cerebral e foi encaminhado pra reabilitação, saí em busca de lugares onde ele pudesse ser assistido e realizasse as terapias necessárias. O primeiro lugar onde busquei auxílio foi no mais óbvio, uma associação que se entitula de assistência à criança deficiente. Mas não à todas as crianças deficientes, somente as com deficiências física e mentail com possibilidade de reabitar e desligar do atendimento. Lucas precisaria de fisioterapia por toda sua vida. Isso eu descobri com o balde de água fria durante sua avaliação. Como o Lucas tem um déficit motor, visual e intelectual, considerado múltipla deficiência, não foi aceito para reabilitação por protocolo da Instituição.

3- "Seu filho não vai andar, não vai falar... Não há o que se fazer por ele, apenas deixá-lo sobre uma cama e oferecer cuidados básicos." - fisiatra
Lucas tinha meses de vida. Como não foi aceito onde eu esperava que seria, saí em busca de outras opções. Foi durante uma avaliação no Sesi que ouvi essa frase. Gostaria de reencontrar essa médica pra contar à ela tudo o que o Lucas fez depois dessa consulta. Além das terapias que fui buscar lá (hidroterapia, fisio, fono e terapia ocupacional), meu filho frequentou escola, dançou, se apresentou no teatro, andou de cavalo, de barco, foi à praia, à cachoeira, viajou de avião, viveu experiências incríveis e incontáveis momentos de alegria. E quer saber de mais uma coisa? Ainda há muito mais o que se fazer por ele. 

4- "É bem provável que seu filho não tenha os dentes permanentes" - dentista
Os dentes incisivos de leite do Lucas tinham caído e não estavam nascendo. Preocupada, procurei um dentista "especialista" em crianças especiais, do plano de saúde. Após examinar (sem radiografar) ele concluiu a ausência dos dentes permanentes. Inconformada, procurei outra dentista especialista, dessa vez particular, que radiografou durante a consulta mesmo e... lá estavam os dentões! A doutora explicou que como o Lucas não mastiga alimentos sólidos, os dentes acabam perdendo a força de erupção e é preciso usar uma escova para estimular e ajudar o nascimento dos dentes. 

5- "Vocês sabem que ele vai morrer antes que vocês. Devem se preparar pra isso." - neurologista
Frequentamos por alguns anos o consultório dessa médica. Ela era muito competente, suas consultas eram longas, ouvia o que dizíamos com atenção e levava tudo em consideração (raridades em consultas com médicos de plano de saúde). Eu e meu marido sempre lidamos de forma muito leve e natural com a deficiência do Lucas, procurando manter o astral elevado com bom humor. Parece que tem pessoas que não entendem a nossa alegria. Acho que com essa médica acontecia algo assim... Bastava que a gente descontraísse durante a consulta, contássemos nossas peripéricias com o Lucas em nossas viagens de férias, que lá vinha ela com esse papo pesado. Ninguém está preparado pra morte de alguém querido, nem de um filho, nem dos pais, dos avós, de um amigo, do animal de estimação... O sofrimento e a dor da perda existirão sempre, sejam nas perdas que seguem a ordem natural ou não. A morte é a única certeza que temos na vida. Não interessa pra quem ela irá chegar e quando. Há de se aprender a viver com essa certeza tão incerta. Estamos todos de passagem.

Sejamos capazes de exercer o melhor de nós e, dessa forma, contribuir pela melhor passagem de todos os que cruzam nossos caminhos. Sejamos capazes de exercitar a empatia um pelo outro, por nós. Juntos somos cura!

 "Não queira adicionar dias a sua vida, mas vida aos seus dias."
Harry Benjamin, médico alemão, Jan/1885-Ago/1986✝