março 27, 2009

Parece difícil, pode não ser

"É mais fácil do que você imagina". Essa foi a resposta que dei a uma mulher que, num momento de alegria em que passeávamos no Parque do Ibirapuera, nos abordou cheia de piedade dizendo como devia ser difícil ter um filho como o Lucas.

Esse não é um caso isolado. Situações como essa aconteceram (e acontecem) com frequência e partem de todo tipo de gente, desde pessoas comuns em locais públicos, familiares, até mesmo de médicos e terapeutas. Sim! Já tivémos que lidar com a piedade de médicos. Um deles nos aconselhou a ter outro filho, como se isso fosse mudar em alguma coisa a condição do Lucas ou a nossa relação com ele. Talvez um outro filho nos traga novas vivências, mas o Lucas continuará sendo a mesma criança amada e cuidada como sempre foi.

Já sofri muito com situações assim, e ainda hoje são essas pessoas que tornam a nossa tragetória difícil. Cuidar do Lucas é fácil, o duro é ter que lidar com os olhares e comentários alheios, ter que provar ao mundo que podemos ser felizes como qualquer outra família. Pais de uma criança especial não podem ser felizes? Ter um filho especial deve ser considerado um fardo? Que mãe ou pai pode dizer que é fácil criar um filho? Por que a nossa dificuldade tem que ser considerada maior e, por isso, motivo de pena?

A minha dificuldade não é maior nem menor do que a de ninguém, e não tenho mais ou menos direito de ser feliz do que qualquer outra pessoa. Ao que me parece, algumas pessoas não sabem lidar com situações de pessoas felizes em condições fora do que elas consideram ser um "padrão normal". Para elas é mais fácil sentir pena destas pessoas do que tentar mudar algo dentro de si para enxergar as coisas de uma forma positiva.

Antes de sentir pena de alguém em qualquer ocasião, é preciso parar e observar de verdade. A dificuldade está nos olhos de quem vê e a felicidade no coração de quem sente.

março 08, 2009

Integração Sensorial

Todos sabemos que olfato, paladar, tato, audição e visão são os 5 sentidos. Mas engana-se quem pensa que possuímos somente estes cinco. Existem também os sentidos proprioceptivo e vestibular.



A propriocepção é a capacidade de reconhecer a localização espacial do próprio corpo, sua posição, a força exercida pelos músculos, e a posição em relação às outras partes sem precisar utilizar a visão. Essa percepção nos permite, por exemplo, desviar de um objeto mesmo sem saber a que distância precisa ele se encontra, ou mesmo tocar uma parte do corpo com os olhos fechados. Seus receptores encontram-se, em maioria, nas articulações. Graças a propriocepção podemos andar, segurar e manipular objetos e coordenar movimentos. O sentido vestibular tem seus receptores localizados no ouvido e são sensíveis à alterações angulares da cabeça. Ele é responsável pelo equilíbrio do corpo, além de atuar na identificação da posição do corpo, permitindo que se saiba quando está deitado, sentado, em pé ou em qualquer outra posição. Também é graças ao sistema vestibular que conseguimos coordenar movimentos dos dois lados do corpo em conjunto, como andar de bicicleta e cortar com uma tesoura.


O cérebro recebe a informação desses estímulos sensoriais captados pelos "7 sentidos" que são interpretados, processados e organizados por ele para a formação de uma estrutura de comportamento e aprendizagem. À essa organização realizada pelo cérebro dá-se o nome de integração sensorial. Qualquer alteração na hora de processar as informações causada por diversos motivos, como uma lesão no sistema nervoso central, ou simplesmente uma imaturidade do mesmo, causa uma disfunção da integração sensorial. Esse distúrbio na recepção e organização das informações sensoriais recebidas afeta o desempenho nas demais áreas podendo ocasionar atraso escolar, dificuldade na relação com o outro, dificuldade de atenção e concentração, auto-estima prejudicada, alteração no tônus muscular, dificuldade de equilíbrio e na coordenação motora ampla e fina. Alguns dos sintomas da disfunção da IS são interpretados e tratados erroneamente, e muitas vezes são confundidos com problemas emocionais.

Alguns comportamentos que podem indicar uma Disfunção da Integração Sensorial:

- dificuldade em manter a atenção em sala de aula ou brincadeiras mais complexas
- comportamento hiperativo
- sentido tátil mal desenvolvido, aversão ao toque, não gosta de se sujar
- dificuldade em se alimentar, não aceita alimentos com texturas diferentes
- oscilação de humor de forma que chama a atenção
- dificuldade em graduar a força
- problemas de linguagem (fala, leitura e escrita)
- evita ambiente com muitas pessoas e ambientes barulhentos
- problema na articulação da fala sem razão aparente
- esbarra constantemente nos objetos ao redor, derruba coisas sem querer


Quando houver suspeita de uma disfunção da IS deve-se procurar um Terapeuta Ocupacional qualificado ou outro profissional da saúde que tenha especialização em Integração Sensorial que realizará uma avaliação para identificar o problema. O tratamento baseia-se no princípio de uma reorganização do modo de funcionamento dos sistemas sensoriais. Para isso são utilizadas atividades lúdicas, brincadeiras e jogos que trabalham os sistemas integrados. O tratamento modifica a dieta sensorial utilizando organizadores para regulação. Os organizadores podem ser desde o toque do terapeuta, a criação de ambiente favorável e até um material para desenvolver uma função específica. A criança reorganiza o seu modo de funcionamento para as funções cotidianas. Para isto é necessário que a família e a escola estejam integrados aos objetivos do tratamento.


A família também pode ajudar. Brincar é a melhor forma de desenvolver a integração sensorial.

- jogos corporais, ir a parques com diferentes estímulos e desafios (trepa-trepa, balanço, gira-gira, ponte movediça), tendo o cuidado de respeitar o limite de cada criança.
- evitar o excesso de limpeza, se possível deixar descalço, fornecer momentos de contato corporal de uma forma prazerosa, dar toques diferentes leve e profundo.
- balançar no colo, na rede ou no cobertor.
- dançar
- brincar de guerra de almofadas, de cabo de guerra, transportar objetos
- favorecer atividades de pintura, massa de modelar e argila
- construir histórias onde represente as ações de forma concreta (passar por túneis, escadas, cordas) e por meio de desenhos e pinturas

Vale lembrar que essas brincadeiras só são válidas com o consentimento da criança, não devendo ser forçada à nada. Incentive as brincadeiras com a participação de outras crianças e entre na brincadeira também!

Fontes: Grhau / TOI
Imagens: Fotosearch / UFMG



março 05, 2009

Selo Grandes Atitudes




O blog "O gato de rodas" ganhou o selo Grandes Atitudes. Este mimo delicado e carinhoso foi oferecido pela Dina do blog Anjo da Luz.

Muito obrigada!
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As regras deste prémio são:

1. Colocar o logo no seu blogue
2. Escolher dez blogues que demonstram grande atitude ou pelos quais você tem gratidão
3. Certificar-se de que publicou os links de seus nomeados no seu post
4. Informá-los de que receberam este prémio, comentando nos seus blogues
5. Partilhar o carinho, publicando os links deste post e da pessoa de quem você recebeu o prémio.

Minhas escolhas:

A vida com Pedro Caminho da Poesia Grilices Meu filho é especial... e lindo! Por que Heloisa? Educação Condutiva com amor Estou no mundo a PC Inclusão Brasil Viver devagar Lobitas

Gostaria de mais 10 para continuar distribuindo...