novembro 23, 2009

Personal trainer do amor

Acho que assim como eu, muitos outros pais de crianças especiais já se fizeram perguntas do tipo "por que meu filho nasceu assim?", "por que com o meu filho?" ou "por que ele veio pra mim?". Nenhum pai ou mãe espera um filho com alguma deficiência, pelo contrário, quando ficamos "grávidos" o que mais desejamos para a criança é que ela venha com muita saúde.

Acredito que cada um de nós veio com um propósito, e eu tive a benção de compreender a dádiva que recebi em minha vida. Lucas é um ser que me ensina muito todos os dias. Sua necessidade de atenção e cuidados especiais despertou em mim o exercício de cuidar do outro. Mas a maior lição que ele me ensina é a de dar amor incondicionalmente, sem esperar nada em troca. Apenas amar. Estar com ele faz o amor transbordar de dentro de mim, ele é o meu personal trainer do amor. O meu exercício agora é expandir este amor aos que estão a minha volta e ao universo.

Recebo muito do Lucas, mesmo sem ele falar uma palavra posso sentir o quanto ele tem amor por mim, pelo pai e pela família, mas compreendo que em muitos aspectos sou carente, adoraria ouvir um "mamãe", eu te amo". Essa é uma carência que eu não posso transferir pro Lucas, ele me dá o que consegue, tenho certeza que ele dá o seu melhor e sou muito grata por isso. A única forma de preencher esse espaço que falta seria ter um outro filho. Essa ideia vem e vai, tem horas que quero muito, em outras penso que serei mãe de um único filho.

Ontem, estava ouvindo uma canção que ao final haviam vozes de crianças brincando e gargalhando. Ouvir essas vozes doces e alegres me fizeram despertar pra grandeza da importância deste outro filho. Além da minha paixão por criança, acho que um filho traria uma leveza para nossas vidas, inclusive para a vida do Lucas. Meu maior medo é de não conseguir dar conta de duas crianças, ainda mais uma sendo especial. Mas uma frase que escutei outro dia me trouxe um certo comfortou neste sentido, "por mais difícil que seja, uma dia cai na rotina". Nada como o poder de adaptação do ser humano!

Vamos trabalhar e refletir esta possibilidade...



7 comentários:

Grilinha disse...

Força minha querida.

Não tenha medo da vida, pois ela vive por si...
Identifiquei-me com tudo o que escreveu...tanto....

Beijinhos

grilinhamae@gmail.com

Elizete disse...

Olá Ani,

Já faz algum tempo que acompanho o teu blog e hoje criei coragem para postar este comentário, simplesmente porque me identifiquei muito com o que você escreveu. Tenho um filho chamado Isaac de 5 anos com PC do tipo tetraplegia espástica devido a um problema genético (microcefalia), só que diferente de você ele foi o meu terceiro filho e como se não bastasse quando ele tinha 8 meses descobri que estava grávida novamente, mesmo usando métodos anticoncepcionais. Hoje tenho a Alanne com 13 anos, o Uzi com 11, o Isaac com 5 e a Thalita com 3 quase 4 anos. Quando eu descobri que estava grávida da Thalita eu quase enlouqueci, pensava que ela poderia ter o mesmo problema que os irmãos, que não ia dar conta, enfim passei por maus bocados. Mas depois da tempestade veio a calmaria e então eu pude perceber que eu precisava muito desse outro bebê, e desde então eu pude perceber que a chegada dessa criança só acrescentou coisas boas em minha vida,foi um verdadeiro presente de Deus. Essa carência que você diz ter de alguem te chamar de mamãe, dizer eu te amo, com certeza um outro filho supriria e te confortaria, não que o Lucas não te complete, é que toda mãe precisa desse tipo de atitude de um filho, é maravilhoso. Eu creio que vai ser muito bom para você e para o Lucas a chegada de um bebê na família. Depois que a Thalita nasceu a minha relação com o Isaac melhorou 100%, eu parei de procurar culpados pelo problema do meu filho e até de ficar anciosa pelo futuro dele e finalmente entendi que Deus realmente "dá o frio conforme o cobertor" e "não nos prova além das nossa forças", hoje eu sou uma pessoa bem mais trânquila em relação aos cuidados e atenção que o Isaac requer e estamos bem mais felizes.
Eu percebo que o Isaac curte muito os irmãos, percebe quando eles não estão em casa, adora a companhia deles e os reconhece pela voz, é incrível a alegria no semblante dele quando está com os irmãos.É por isso que mesmo eu não te conhecendo a fundo, eu te aconselho a ter um outro filho, sempre aconselho as outras mães nas mesmas condições que as nossas, a ter mais um filho, não que esse filho vá substituir o filho que você tem, nunca, pois os nossos filhos especiais, não são inferiores a nenhuma outra criança, são apenas diferentes, tem suas peculiaridades e particularidades assim como todo ser humano, "cada um no seu quadrado", cada um com suas necessidades especifícas.
Desculpe a carta, é que eu senti necessidade de escrever isso.
Bjs. Elizete e turminha do barulho.
meu e-mail é zeteoli@gmail.com, sou de Brasília - DF.

Ani Cires disse...

Olá Elizete!
Primeiramente, fico muito feliz em saber que tem visitado o blog, mesmo que anonimamente. Quando acontece de uma postagem tocar no coração de quem lê e a pessoa decide escrever, como foi com você, é a confirmação de que estou fazendo a coisa certa. Sinto a necessidade de dividir com outras pessoas a minha experiência com o Lucas, e receber relatos de outras experiências parecidas com a minha é como se um círculo se fechasse. Você não imagina como me faz bem ler histórias como a sua. Me enchem de força e coragem para seguir adiante. Minhas heroínas são as mães que tem um filho especial e engravidam outra vez.
Sua família deve ser muito linda. Crianças são mesmo uma benção, e você tem 4. Mais que mulher abençoada!!
Com certeza um outro filho não viria para substituir o Lucas, apesar de muita gente pensar assim... O Lucas tem o espaço dele nesta família e temos vivências e aprendizados com ele que provavelmente não teríamos com uma criança sem nenhuma deficiência.
Obrigada por suas palavras e parabéns pela linda história. Vamos tentar manter contato.
Apareça sempre.
Um beijo pra vc e pra sua "turminha do barulho"!!
Ani.

francisco eduardo alexandre de carvalho disse...

oi Ani quero que vc saiba e um dia passei também por essa indecisão que vc esta passando hoje,pensava em ter outro filho logo desistia pois não queria desviar a minha atenção do meu anjinho,porém um certo dia pensei que se eu era capaz de cuidar tão bem do meu filho,com certeza dariaconta demais um e foi o que eu fiz hoje tenho uma princesinha de 1 ano e 6 meses e posso te dizer com toda a certeza do mundo que a única coisa que me arrependo é de não ter tido minha filha antes.Então trate de encomendar logo um irmãozinho pro LUCAS BEIJOS ......Mãe do anjinho iluminado

daniela disse...

Oi, Ani
Passei por aqui pra te dar noticias da Lulu e fiquei tocada com essa postagem.
1º quero te contar que ela ja fez a 2ª distração e foi muitíssimo bem. correu tudo certo e estamos em casa desde o dia seguinte. Curioso: apesar de ser a 3ª cirurgia do VEPTR, dessa vez foi que ela mais gostou e sentiu resultados.
Quanto a ter mais filhos...
http://marialuizamf.blogspot.com/2009/02/de-todas-as-coisas-boas-que-me.html
Dá uma olhada nessa postagem do blog da Maria e se depois disso vc tiver ,mais dúvidas...
Bjos

Dina disse...

Olá, Olá

O Afonsinho é o meu terceiro filho e não tenho a menor dúvida se consigo fazer tudo o que faço por ele e com ele é porque tenho mais dois filhos, um menino e uma menina maravilhosos, que nunca deixaram de me apoiar, de apoiar o pai e que são loucos de amor pelo Afonsinho.

Foi por eles e graças a eles que consegui vencer a dor dos primeiros meses.

Foi por eles e graças a eles que nunca deixar de lutar para que o Afonsinho tenha um futuro melhor, com a maior qualidade de vida.

A única coisa que mudaria, se voltasse atrás seria o tempo, e de certeza que teria tido o Afonsinho muito mais cedo.

Amar um filho, é amar de forma ilimitade e incondicional e isso acontece quando se tem um, dois ou três...

Muitos beijinhos e um muito especial para o Lucas, com sabor a algodão doce

Caroline Uchôas disse...

Olá,

parabenizo-a pelas sábias palavras e pela consciência que você possui. Considero grandes vencedoras, heroínas, as mães de crianças com necessidades especiais, cada dia é uma luta e a energia, coragem e esperança de sempre continuar lutando, por mais difícil que se possa aparecer e também pela existência frequente de pessoas colocando obstáculos e falando palavras para desconstruir tudo o que foi construído. Continue construindo o seu castelo, por mais pesadas que as pedras possam aparentar.

Beijos,
e parabéns também pela presença ilustre do Lucas em sua vida, acredito que deva ser uma benção enorme.